Introdução

Seguindo o 1o e 2o Seminários ocorridos em Julho de 2015 e Março de 2017, o 3o evento desta série será realizado em Março de 2018. O Seminário Brasil-Japão de “Meio Ambientes Culturais” foi criado com o objetivo de reunir estudiosos interessados em debater sobre os processos de produção e interpretação de, assim como, de interação com meio ambientes culturais Este seminário serve também como uma plataforma multidisciplinar que pretende promover o intercâmbio de idéias e a cooperação entre acadêmicos brasileiros e japoneses; entre acadêmicos interessados em pesquisa realizada sobre o Brasil e Japão, ou em pesquisa de escala global que incluam Brasil e Japão como casos de estudo.

A Relevância dos “Meio Ambientes Culturais”

Dentre as primeiras alusões ao conceito de “Meio Ambiente Cultural”, vale a pena citar o livro “The Geographic Basis of Society (1933)” escrito pelos geógrafos norte-americanos Charles Cliford Huntington e Fred Albert Carlson. Inovadores para o seu tempo, Huntington e Carlson discutem em seu livro a relação existente entre humanos e seu habitat. O argumento principal baseia-se na idéia de que humanos e seu habitat são produto de um processo “dinâmico” de intercambio e interação entre eles mesmos. No Japão, um dos primeiros estudiosos a usar a expressão ´bunka kankyo´ foi o geógrafo Kojima Eiji em 1938. Ainda que isto demonstre a aparição precoce desta expressão dentro do âmbito acadêmico japonês, é raro encontrá-la no Japão em outros escritos pertencentes ao período anterior a segunda grande guerra mundial. O uso desta expressão começou a expandir-se durante o período posterior a segunda guerra mundial, primeiro em escritos acadêmicos no campo da educação, produzidos por intelectuais interessados em investigar como as condições de vida afetam o aprendizado das crianças. Foi a partir de 1960 quando a expressão “meio ambiente cultural” bunka kankyo incorporou-se definitivamente ao debate sobre as relações dinâmicas e interativas estabelecidas entre o homem e o meio ambiente. O alcance do seu significado e a freqüência do seu uso expandiu-se contribuindo a aparição de escritos originais que incluem entre outros, o artigo “Hito no keishitsu to kankyō [A forma humana e o ambiente]”, publicado em 1969. Neste artigo, o anatomista e professor da Escola de Medicina da Universidade Niigata, Ogata Tamotsu, indaga sobre as transformações no tipo de atividades da vida cotidiana humana que surgiram como conseqüência das alterações climáticas e geológicas do período Jomon. A partir do estudo de esqueletos, o artigo discute como estas alterações geraram por sua vez transformações nas características físicas dos corpos humanos.

Atualmente, esta expressão é utilizada de maneira mais ampla com significados variados em escritos produzidos por pesquisadores de diversas disciplinas incluindo as ciências sociais, estudos ambientais, arquitetura e planificação, e a antropologia, entre outros. O uso amplo, inclusivo e integrador desta expressão tem permitido a aparição de um debate de grande atualidade e relevância para a sociedade mundial. Num esforço por compreender melhor as causas e os efeitos das mudanças ambientais e sua relação com a vida humana, este seminário pretende produzir um debate acadêmico que ultrapassa as limitações das disciplinas acadêmicas a partir de um enfoque integrador da produção do conhecimento. Convida-se os participantes deste seminário a pensarem sobre como os humanos vivem e interagem com o meio ambiente circundante, e a elaborarem um debate que permita reduzir a separação conceitual entre natureza e cultura, construída durante um longo processo de produção do conhecimento.